Coroai-me de rosas
em rosas desmaio
em rosa desvaneço
doce sonolência que
me desnuda de sedas
solto o perfume e o grito
de petalas rendidas a mim
rosas...
e no meu toque arrepio o teu corpo
mão que me prende o seio e benze
numa caricia pagã feita por deuses
rosas...
doce tortura
doce tontura
"Coroai-me de rosas"
senhor...
nada mais
nunca mais porque
rosas me bastam
e em rosa assim
adormeço.


Fernando Pessoa